sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Augusta Ferraz é a dona da cena

Por Wellington Júnior

Peço permissão aos excelentes leitores desse blog e espectadores da Mostra Capiba de Teatro para não falar diretamente do espetáculo Guiomar, a filha da mãe e sim comentar sobre o trabalho da atriz Augusta Ferraz. Pois essa será minha chance de escrever mais atentamente sobre essa importante intérprete.

Logo que comecei a fazer teatro (isso já faz um certo tempinho), eu sempre ouvi falar da força interpretativa de Augusta Ferraz. A primeira vez que a vi em cena foi com Malassombro no Teatro do Parque. Nesse momento pude comprovar como essa mulher conseguia se transfigurar em cena com uma energia impressionante. Desde esse dia que não perco um espetáculo da Augusta.

Já assiste Malassombro (segunda versão),Vida Diva, Mistério Buffo, As sombrias ruínas da alma, Hímen: História de meninas, Rasto atrás, Medeaponto, Deus Danado. Em todos esses espetáculos, percebo o que chamo fenômeno Augusta Ferraz ; explico melhor, é que nesses trabalhos observo como essa atriz consegue sempre estar inteira, integral, viva.

Mas qual seria o segredo desse sucesso ? É muito trabalho e muita vontade de se comunicar com o mundo.  Augusta é uma mulher muito inteligente e soube em sua trajetória de atriz gerir seus desejos de pesquisa estética. Ela é senhora do seu destino, dona de sua cena.

Do ponto de vista estético, percebo que há uma grande força da palavra em seus trabalhos ao lado de uma explosão do corpo e seus sentidos cênicos. Lembremos que Augusta vem de uma geração que manteve um grande diálogo com encenadores como Carlos Bartolomeu, Antonio Cadengue, Carlos Carvalho, Moncho Rodriguez.

Esses diretores propuseram em seus períodos um diálogo forte entre alta intensidade vocal e grande força corporal. Augusta é fruto desse momento, se impõe em cena com uma corporidade dilatada, presente.
Mas isso é pouco para explicar a matriz estética Augusta Ferraz, temos ainda os trabalhos em que esta intensidade se transforma como nos espetáculos: Rasto atrás e As sombrias ruínas da alma. Nesses espetáculos, ela concentra essa intensidade.  
 
Para finalizar proponho pensar a matriz estética de Augusta a partir dessa intensidade. Uma força que explode os desejos dos espectadores transformando seus sentidos em sentimentos. Essa Ausgusta é a dona da cena por sua necessidade de viver esses mundos extracotidianos do teatro de forma intensa.

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Sobre o crítico...

Wellington Junior
Diretor e ator de teatro, foi Professor do curso Regular de Teatro Sesc Santo Amaro (2001-2005), dos cursos livres do Sesc Piedade (2001-2005). Participou da Curadoria do VIII Festival Recife de Teatro Nacional (2005); Seminário de Critica Teatral (2005,2006 e 2010). Colaborador durante os anos de 2007 e 2008 no Portal TeatroPE. Em 2006 e 2007 foi Coordenador Pedagógico do Festival Todos Verão Teatro, realizado pela Federação de Teatro de Pernambuco.

2 comentários:

  1. Eu conheci Augusta no ano de 1979, ela sempre foi apaixonada por teatro. É uma exelente atriz e diretora. A primeira peça que assisti foi Irmã Natividade, depois veio Muito pelo Contrário. Foi muito inrequecedor para mim.

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  2. me lembro de algusta no forte das cinco pontas, no bairro de são José, ela tava fazendo trabalho com diretor Moncho, me parece ele bolivianao não sei direito latino coisa parecida, ela me encantou com sua beleza e seu talento, acredito fosse 1986 não sei direito ano nos 80época mágica.

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