terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Teatro de Risco do Magiluth

Por Duda Martins

Digressão: A primeira vez que eu vi Um Torto, do grupo Magiluth, foi há alguns meses no Espaço Muda. Ouvi dizer que a peça era bacaninha, diferente, e fui assistir decidida a escrever algo para o Caderno C (Jornal do Commercio).

Aliás, (rebobina) a primeira vez que ouvi falar de Um Torto foi no início do ano, na programação do festival Palco Giratório, também do Sesc. Entrevistei Giordano Castro.

Duda – Alô, Giordano Castro, por favor

Giordano – Pois não?

Duda – Aqui e Duda, do JC, tudo bem?

Giordano – Oi Duda, tudo bom?

Duda – Então, queria que você me falasse um pouco sobre Um Torto, que vão apresentar amanhã no Palco Giratório. Ouvi dizer que é uma peça com uma estrutura bem diferente, não é?

Giordano – kjshksdnfosdnfldmfpmslmaspdmpasmdmapodjasm
dpoasjdopanspodjaopsjndmpaposjd oapsjdopasjdopjaposjd;jams;mdjopwj. (...) É um personagem muito complexo.

E eu fiz uma matéria maisoumenos, pinçando as poucas palavras que eu havia entendido de Giordano. Vou dar um conselho (que os editores não me escutem): não confie em matérias-pré-estreia de espetáculos. Você nunca sabe se aquilo que foi dito está só na cabeça do entrevistado ou se realmente acontece no palco. No final, você acaba formando uma ideia de peça no seu imaginário, e é isso que sai no papel.

*Um dia vamos acabar secos, de tanto comunicar*

Pois alguns meses depois (avança), eu entrava no Espaço Muda para ver se, de fato, alguma coisa do que eu escrevi, ou do que Giordano me disse, fazia sentido. E é claro que não. Um Torto é inexplicável, é incriticável, não poque não apresenta méritos ou deméritos, mas porque é muito desleal julgar uma obra tão franca.

*Nem tudo o que eu falo é verdade*

No outro dia, no jornal, não escrevi nada. Fugi. Ninguém me cobrou e eu não escrevi sequer uma linha sobre Um Torto.

(Avança). Ontem eu ansiava pelo momento final da noite. Quando ator/autor, diretor e iluminador me dariam uma luz para eu ter o que escrever para esse blog. Mas eles são como eu, só sentem. Um Torto é cheio de palavras, confissões, é aberto demasiado, exposto demasiado, arriscado demais. Mas a gente sente tanta coisa.

Giordano e Pedro são promessas de um novo teatro pernambucano. Não têm medo, ou têm, mas colocam tudo lá no palco. “Na hora a gente vê o que vai dar”. E é muito bom ver alguém optando por isso, um novo teatro, um teatro metamórfico, nada cômodo, nada previsível, um “teatro de risco”. Eu teria muito o que explorar, ideias para louvar, mas deixa assim, é melhor só sentir, francamente.

PS: Depois de lerem esta crítica (?), digam apenas que viram uma jornalista tentando.

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Sobre a crítica...

Duda Martins

É Jornalista e trabalha como repórter no Caderno C (Jornal do Comercio PE). Em 2010 fez as coberturas de Turnê Dionisíacas Teatro Oficina no Recife, Festival Palco Giratório, Janeiro de Grandes Espetáculos e participou como critica do Seminário Internacional de Crítica Teatral.

2 comentários:

  1. será que você é uma Torta?
    ou só uma mulher tentativa?
    beijos Duda

    Giordano

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  2. Duda, gostei muito do seu texto. Acho que é preciso também remodelar essa crítica. Novo teatro, nova crítica!

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