Por Wellington Júnior
Este texto é dedicado ao menino
que mudou a rota de
uma vida.
Recordação n°1
O mundo devia ser uma rua, onde todo dia eu pudesse ver o meu amor. Tenho muitas saudades de suas conversas, suas histórias mirabolantes, nossos passeios em nossa cama. Sou um homem que chora pelo medo da perda. Quando conheci meu amor, eu jamais acreditaria que meu coração pudesse deixar de ser um tijolo. A experiência amorosa é D I L A C E R A N T E. 17/10/2010. Uma praia. Eu e meu amor. A sensação de que aquela história não terminaria naquele lugar, nem naquele momento. Vi Um torto. Vi Giodarno. Vi os Pedros. Vi Maria. Vi Breno. Vi Nelson e Bruno. Vi Duda. Vi Aninha, Renata, Rodrigo, Henrique, Luciano, Leidson. Vi Denys. Vi Mary. Vi eu e você juntos separadamente. Vivi ser Um torto. Eu vivo.
Recordação n°2
Olhar o mundo é um olhar cultural. A grafia sentimental proposta por Um torto é uma escrita do mundo dentro do ser humano. Está presente nesta etnografia um grande teor emocional. Não são apenas os elementos objetivos da cultura, mas principalmente está a afirmação das subjetividades. E minha visão de espectador foi constituída por uma memória-coração.
Recordação n°3
O estado de risco. Estar na vida é aprender a conviver permanentemente com o risco. O espetáculo do Grupo Magiluth é um espaço de alto grau de exposição. O trabalho do ator é um lugar de doação. Uma entrega amorosa. A construção da estrutura dramatúrgica é aberta para o mundo e pronta para o inesperado. Vejo essa pesquisa de escrita como um excelente caminho dentro do panorama teatro contemporâneo.
Recordação n°4
O discurso cênico constituído por Pedro Wagner traz uma pulsação de vitalidade pouco vista em nosso teatro. A encenação in process abre para o espectador construir um amplo leque de leituras a partir de suas escolhas. Há no ideário do espetáculo uma clara necessidade do outro. E também afirma como esse outro é muito difícil de lidar. O desenho de luz de Pedro Vilela segue essa vontade de exposição, de experimentação, de correr risco por se constituir em processo. Vilela mostra o quanto sabe muito sair de sua escrita cênica da luz e percorrer outras luminosidades da alma humana.
Recordação n°5
Olhar um ator em cena é ver suas máscaras e também o homem ocultado pela personagem. E Giordano Castro com seu coração e suas máscaras se impõe em cena, mostrando que estar na vida já é viver. Ele sente esse trabalho em diversos níveis de composição de atuação. Mas está sempre lá organicamente na cena. De todos os trabalhos que acompanhei dele, este é o mais impactante, impressionante. Giodarno faz de si mesmo uma obra de arte; mostra-se humanamente falho e por isso encantadoramente uma obra prima.
Recordação n°6
Para mim no dia 07/12/2010 às 20h no Teatro Capiba em Recife o espetáculo Um torto se mostrou excepcional, principalmente por seu poder de transformação de minha memória de espectador. Um torto é uma obra desviante e me desviou completamente do rumo.
Recordação n° 7
Eu continuarei vivendo com meu coração torto. Eu te amo. Estar na vida é uma experiência, estar no teatro é uma experimentação. E aqui está nossa música para ouvir lendo esse texto:
Um certo alguém (Lulu Santos)
Quis evitar teus olhos
Mas não pude reagir
Fico à vontade então
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção
E quando um certo alguém
Cruzou o teu caminho
E te mudou a direção
Chego a ficar sem jeito
Mas não deixo de seguir
A tua aparição
E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar
Me dê a mão
Vem ser a minha estrela
Complicação
Tão fácil de entender
Vamos dançar
Luzir a madrugada
Inspiração
Pra tudo que eu viver
Que eu viver, uoh, uoh
E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar
Sobre o crítico...
Wellington Junior
Diretor e ator de teatro, foi Professor do curso Regular de Teatro Sesc Santo Amaro (2001-2005), dos cursos livres do Sesc Piedade (2001-2005). Participou da Curadoria do VIII Festival Recife de Teatro Nacional (2005); Seminário de Critica Teatral (2005,2006 e 2010). Colaborador durante os anos de 2007 e 2008 no Portal TeatroPE. Em 2006 e 2007 foi Coordenador Pedagógico do Festival Todos Verão Teatro, realizado pela Federação de Teatro de Pernambuco.
Wellington,
ResponderExcluirmuito obrigado pelas palavras...
novas formas são novos olhares.
obrigado