Para a corrida foram escalados dois atletas: Alcy Saavedra e Sonia Christnak, que dão conta (muito bem) de cinco personagens: Gina, uma mãe de família igual a que temos em casa. Everaldo, seu marido; os filhos adolescentes Maria Eduarda e João Victor e a abusada tia Gracinha. Durante todo o espetáculo, os atores se revezam entre a mãe insegura, o pai machão/machista, a filha lésbica e o garotão que acaba de perder a virgindade com a sua tia, para o desespero da mãe (já falei que ela é insegura?). Um personagem em específico não sai de cena: o senhor que estampa a caixa de aveia Quaquer, sempre em cima da mesa da cozinha, que se torna uma espécie de padre num confessionário, e dependendo da reza, até responde algumas inquietações dos moradores da casa. A trama se desenrola de maneira leve, e revela personagens tão peculiares, mas ao mesmo tempo tão conhecidos.
A união do texto inédito de Luiz de Lima Navarro, feito sob medida para a Teodora Lins Cia de Teatro, com direção de Williams Sant`anna, resultou num bom produto teatral. A parceria antiga entre autor e diretor não se limitou desta vez a comédia escrachada já vista em outras montagens, mas foi perspicaz ao lançar mão da máxima cênica que diz “menos é mais”, trazendo ao palco uma obra que abusa do humor, sem extrapolar em nada. As piadas têm ritmo, e um toque de mistério conferiu ao espetáculo um tempero especial. A iluminação dialogou bem com o que se mostrava em cena e o cenário simples casou perfeitamente com a proposta de identidade da família. Uma casa comum para uma família comum (que tem lá suas esquisitices).
Manual Prático de Felicidade é uma peça com uma narrativa linear, que não entra no campo da obviedade, e mostra uma dramaturgia sensível, traduzida numa linguagem completamente acessível. Uma boa oportunidade de teatro para pessoas comuns.
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Sobre a crítica...
Duda Martins
É Jornalista e trabalha como repórter no Caderno C (Jornal do Comercio PE). Em 2010 fez as coberturas de Turnê Dionisíacas Teatro Oficina no Recife, Festival Palco Giratório, Janeiro de Grandes Espetáculos e participou como critica do Seminário Internacional de Crítica Teatral.
Parabéns ao SESC pela mostra e a possibilidade de vermos e revermos tantos bons espetáculos.
ResponderExcluirAdorei o espetáculo e a crítica!
Realmente uma linguagem simpática, seu cenário criativo e exagerado me remeteu a cozinhas americanas da década 70, o figurino da mãe me fez lembrar aquela mãezona, (tipo Bette Davis em O Que terá acontecido com Baby Jane?!) meio exagerada mas super família e protetora, além de tudo, saber que fomos fisgados pela sua "fértil" imaginação é delicioso! Até fiquei curioso e fui ler sobre o ícone da Quaker, achei essa histórinha www.elisabetescarvalho.blogspot.com/2010/01/historia-da-aveia-quaker.html a Duda fez uma ótima analogia com o padre a história é bem espiritual mesmo.
Evoé